SAD no Planalto Mirandês – O contributo da SCM de Mogadouro
O Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é uma solução indispensável para enfrentar os desafios dos territórios desertificados e envelhecidos do Planalto Mirandês.
Neste território, o SAD da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro (SCM Mogadouro) enfrenta vários desafios significativos. Um dos principais é a vasta área geográfica que o serviço cobre, a rondar os 760 km² (7,5 vezes a dimensão do concelho de Lisboa e 18 vezes a dimensão do concelho do Porto), em que a população está muito dispersa, o que exige que as 12 viaturas do SAD percorram cerca de 1000 km diários para levar serviços de qualidade aos utentes.
Outro desafio é a prestação de serviços diversificados e personalizados, que incluem 4 refeições diárias, higiene pessoal e habitacional, tratamento de roupas, cuidados de enfermagem, animação sociocultural, apoio psicossocial, tratamento de imagem, transporte a serviços da comunidade e teleassistência. A gestão destes serviços, especialmente em áreas remotas, é uma tarefa complexa e que exige um grande esforço financeiro por parte da Instituição.
O SAD enfrenta ainda o desafio de minimizar o isolamento dos utentes, muitos deles com histórias de vida marcadas pela escassez de recursos e dificuldades familiares. A instituição investiu, em 2020, no serviço de teleassistência para proporcionar segurança e tranquilidade aos utentes, mas a implementação e manutenção desse serviço também representam um desafio significativo.
Apesar disso, é um serviço que se mantém até ao presente e que é utilizado diariamente pelos utentes e que, ao longo da pandemia, se revelou fundamental para o bem-estar emocional dos utentes. Este serviço destaca-se pela sua eficácia, bastando premir o botão no relógio para receber o contacto de um técnico. É nesta tranquilidade que vivem os utentes do SAD da SCM Mogadouro, conscientes de que são ajudados após um simples apertar de botão, que possibilita também o contacto dos colaboradores do SAD para assegurar que o utente está em segurança.
O equipamento possui ainda um mecanismo de geolocalização, que permite estar permanentemente informados da localização do utente, protegendo principalmente aqueles que manifestam sinais de demência.
Ao assegurar que os idosos recebem cuidados adequados, é possível promover uma melhoria significativa na qualidade de vida e bem-estar desta população vulnerável, garantindo que possam viver dignamente em suas próprias residências.
Envolver e empoderar através de uma comunidade de prática - Uma nova abordagem na intervenção social no distrito de Braga
No mundo atual, a partilha do saber e experiências é fundamental para a inovação e a melhoria dos serviços. É neste contexto que são valorizadas as Comunidades de Prática (CoP), grupos de pessoas que partilham uma preocupação comum e que, de forma colaborativa, aprofundam os seus conhecimentos e melhoram as suas práticas através da sua interação. Com este interesse o Centro Distrital de Braga estimulou a criação de uma CoP representada pelos coordenadores de Ação Social e dos Núcleos Locais de Inserção dos 14 concelhos do distrito, e desde janeiro de 2024, reunindo mensalmente no Centro Distrital de Braga, já foram realizadas doze sessões.
Estes encontros são o palco privilegiado na abordagem de temáticas emergentes, como as Migrações, a Intervenção Social Articulada entre os diferentes protagonistas sociais, a Emergência Social, a Violência Doméstica e o Estatuto Maior Acompanhado e é partilhado com especialistas convidados de diversas áreas, como o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) ou mesmo as Estruturas de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica do distrito de Braga.
A CoP é um contexto privilegiado no debate, aprendizagem e divulgação de boas práticas, que tem estimulado serviços e respostas mais eficazes e adaptadas às necessidades da população, contribuído para uma melhor especialização da intervenção social.
Todos os intervenientes reconhecem que esta CoP tem se afirmado como um espaço de capacitação, permitindo uma intervisão sobre as melhores metodologias de intervenção social, onde o ambiente de partilha e inovação, tem gerado dinâmicas de cocriação entre os diferentes atores, impactando positivamente na qualidade dos serviços prestados às populações desenvolvendo os territórios.
O impacto desta iniciativa reflete-se, também no engajamento e motivação dos técnicos, que se sentem mais apoiados para enfrentar os desafios do seu quotidiano profissional. A aposta na aprendizagem contínua e na inovação social tem sido a chave para garantir uma resposta mais eficaz e humanizada às diferentes necessidades. Esta Comunidade de Prática tem-se afirmado como um modelo de cooperação intermunicipal bem-sucedido, com potencial transformador capaz de inspirar outras regiões a adotarem abordagens semelhantes na intervenção social.